sexta-feira, 8 de julho de 2011

Brasil bate novo recorde nas vendas de frango ao exterior


 As exportações da Avicultura brasileira quebraram mais um recorde no primeiro semestre deste ano. Mas, apesar do incremento de 6,8% nos volumes e 28% nos valores se comparado ao mesmo período do ano passado, o setor não está otimista em relação ao segundo semestre deste ano, dado os altos custos de produção, e a desvalorização do dólar. Enquanto isso, as indústrias avícolas terão dois meses para responder os questionamentos africanos na investigação de antidumping.
As exportações de frangos no primeiro semestre do ano somaram 1,92 milhão de toneladas, em um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a receita cambial totalizou US$ 3,99 bilhões, ante os US$ 3,11 bilhões obtidos em 2010. "A receita não deu oportunidade de recuperação do setor, pois os custos de produção estão muito altos. O preço do milho de janeiro para cá cresceu 111% em algumas praças, e o dólar segue muito baixo", contou o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra.
Para ele, embora os números indiquem crescimento, o setor continua sendo impactado pela valorização do real frente ao dólar, o que está comprometendo a competitividade do produto no mercado internacional, em consequência, desestimulando a exportação. De acordo com levantamento da entidade, entre janeiro de 2010 e junho de 2011, a moeda norte-americana teve uma queda de 10,36% frente ao real. "Percebemos que temos muito campo para crescer. Com um cenário mais favorável os resultados seriam muito maiores, porque perdemos a competitividade no exterior. No mercado interno a demanda não está tão aquecida quanto no ano passado, e o preço não está remunerando pois está muito baixo", garantiu.
Neste semestre, a média de preço pago ao produtor do Frango ficou em R$ 1,83, que representa um crescimento de 24% ante o mesmo período do ano passado. Para o analista da Scot Consultoria, Alex Lopes da Silva, os preços vistos esse ano ainda são reflexo do final do ano passado. Em janeiro o preço do animal chegou a marca de R$ 2,10, recuando para R$ 1,62 no mês de junho. "Desde março os preços vêm caindo bastante até chegar aos R$ 1,62 de hoje. O preço começou o ano a R$ 2,10, que é um recorde pois os criadores nunca haviam recebido isso, e chegamos ao final do semestre a R$ 1,65. Somado a isso temos o custo de produção, basicamente composto pelo milho, que está 65% mais caro que o semestre passado. Então a margem de lucro ficou muito mais estreita, pois não temos como criar Frango sem milho", disse ele.
Turra, que mantinha uma expectativa de que o setor cresceria "no mínimo 5% este ano", refez os cálculos e agora prevê com otimismo chegar aos 5%. Para ele, o setor deve exportar até o final do ano 3,9 milhões de toneladas de aves, com um faturamento de US$ 7,5 bilhões. Em 2010, o Brasil exportou 3,8 milhões de toneladas, com uma receita de US$ 6,8 bilhões. "Os resultados poderiam ser muito maiores, pois há uma forte demanda internacional pela proteína, mas o Brasil não consegue atender isso, pois aos poucos vamos perdendo a competitividade", disse Turra.
África do Sul
Após a Comissão de Comércio Internacional da África do Sul abrir uma investigação antidumping contra o Frango exportado pelo Brasil, a pedido da Associação dos Produtores de Frango da África do Sul, Turra afirmou que o Brasil já está correndo para responder os questionamentos levantados por eles. Segundo Otávio Cançado, diretor de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias do Ministério da Agricultura, o Brasil terá 60 dias para responder a todos os questionamentos. "Eles podem partir de três ações para investigar: a primeira é avaliar as vendas no mercado doméstico brasileiro. A outra é a busca de informação com a industria exportadora. E a terceira é colher os preços em outros mercados internacionais que compram do Brasil", disse.
Fonte: Daniel Popov, DCI

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