segunda-feira, 22 de junho de 2015

Pecnordeste e as estratégias para o Nordeste

Artigos

| Assuntos econômicos,Meio ambiente 
Por João Martins da Silva*
A região Nordeste possui grande potencial nas atividades ligadas a pecuária. O rebanho ovino/caprino da região é o maior do país, com 17,8 milhões de cabeças que representam 68% do efetivo nacional. A bovinocultura de leite também é muito importante como atividade produtiva. A Bahia é o sétimo maior produtor do país, Alagoas possui produtividade de 1.641 litros/vaca/ano, valor 10% maior que a média nacional e há importantes bacias leiteiras em Pernambuco e no Ceará, onde a produção de queijo de coalho se destaca. A pecuária de corte se faz presente, sendo importante geradora de renda. Na aquicultura, em especial na carcinicultura marinha, o Nordeste é imbatível, apresentando o maior número de estabelecimentos produtores, produção e produtividade.
Em se tratando de país continental como o Brasil, a agropecuária apresenta-se de forma diferenciada nas cinco regiões. Além das características de solo e clima, existem aspectos mercadológicos e culturais que influenciam na produção e na renda dos produtores. Grande parte dos estados do Nordeste encontra-se no semiárido, onde a precipitação é baixa e as estiagens são frequentes, o que faz com que o calendário agrícola seja diferente do resto do país. Somada as adversidades climáticas, o Nordeste assim como o Norte possui problemas de infraestrutura e logística, que demandam tratamento diferenciando no que se refere a políticas públicas. É fundamental que a política agrícola brasileira seja ajustada de forma a apresentar tratamentos que possibilitem a redução das desigualdades nas regiões menos favorecidas.
Medidas que garantam a renda dos produtores devem ser preconizadas em cenário de custos elevados em função dos impactos logísticos. A reforma e construção de armazéns deve ser fomentada tanto no âmbito público quanto privado. O seguro rural deve ser adequado para as condições climáticas da região, tendo foco também nas atividades pecuárias. O crédito deve ser adequado as peculiaridades regionais, estimulando ações que promovam a recomposição dos rebanhos e a utilização de irrigação para produção de forragem. A classe média rural deve ser fortalecida e a assistência técnica ampliada e aperfeiçoada. Vale salientar, que tais propostas não são benesses, e sim políticas agrícolas que potencializarão a agropecuária do Nordeste.
Estas e outras medidas foram pleiteadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil no Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016 e no Plano Safra da Agricultura Familiar. Programas como o Sertão Empreendedor vem sendo trabalhados pelo Sistema CNA com o objetivo de preparar o produtor nordestino para as adversidades climáticas e econômicas. Nesse contexto, eventos como a Pecnordeste, que acontece de 16 a 18 de junho, em Fortaleza, são de fundamental importância para se debater estratégias e levar conhecimento aos produtores.
*João Martins da Silva é Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil- CNA / Artigo publicado no Jornal O Povo - opiniao@opovo.com.br

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