quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Seca deve provocar perdas de mais de R$ 1,3 bilhões no Nordeste


Imagem Interna
O ano praticamente acabou, mas as perdas provocadas pela seca que assolou o Nordeste do país ao longo de 2012 não param de ser contabilizadas. A estiagem prolongada afeta, especialmente, a produção de cana-de-açúcar da região, uma das suas principais culturas, em plena safra 2012/2013. Só nesta temporada, os prejuízos provocados pela seca, somando apenas os estados de Alagoas e Pernambuco, podem ultrapassar R$ 1,3 bilhões.

O Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool (Sindaçúcar) prevê que a safra 2012/2013 do Nordeste atinja entre 52 a 53 milhões de toneladas, frente ao volume de 65 milhões de toneladas colhidas na temporada anterior. Um impacto que preocupa os produtores da região, que responde por 12% da renda nacional de açúcar e álcool, além de garantir 35% dos empregos diretos gerados pelo setor no país.

Em Alagoas, a produtividade média caiu de 70 toneladas por hectare para menos de 45 toneladas por hectare em algumas regiões. Com isso, segundo cálculos do Sindaçúcar-AL, o Estado terá uma redução de receita do setor sucroenergético da ordem de R$ 850 milhões na safra 2012/2013.

Até o início de dezembro, as usinas alagoanas haviam beneficiado mais de dez milhões de toneladas de cana da safra atual, produzindo 904 mil toneladas de açúcar e 190 milhões de litros de etanol. Os volumes representam, respectivamente, um recuo de 12,98% no beneficiamento da cana, com queda de 3,77% no açúcar e de 22,51% no etanol em comparação à temporada anterior.

Para o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira, trata-se da maior conjunção negativa que se abate sobre esse setor devido à junção de fatores como a perda de competitividade com gasolina, que reduz o mercado para o etanol hidratado; a queda dos preços externos pela crise europeia; a perda de receita pela redução de produção ocasionada pela seca e, finalmente, a redução da rentabilidade econômico-financeira.

“O que precisa ser feito é aumentar o nível de irrigação dos canaviais e aumento da quantidade de barragens de contenção de água. Contudo essas medidas requerem aporte financeiro importante e o setor não dispõe de poupança doméstica para isso, face à continuada perda de receita pela redução dos preços dos seus produtos, agora agravada pela redução de volume a ser comercializada em decorrência da seca”, destaca Nogueira.

 Pernambuco


A produção de cana-de-açúcar em Pernambuco na temporada 2012/2013 deve alcançar o volume de 13,7 milhões de toneladas, frente aos 17,4 milhões do ano passado. Segundo cálculos do sindicato, isso representa uma queda de R$ 500 milhões na receita gerada pelo setor sucroenergético pernambucano.

Uma das maiores preocupações do setor, agora, é com a mortandade das raízes das plantas caso a seca se prolongue durante a entressafra, que vai ocorrer entre janeiro e abril na região este ano.

O presidente do sindicato de Pernambuco, Renato Cunha, reclama que o Ministério da Agricultura tem respondido pouco às reivindicações do setor no Nordeste. “O Nordeste tem tido cenários de secas agudas a cada cinco anos, que castigam a região e afetam drasticamente o potencial de produção e o fluxo de caixa. Estamos aguardando a visita de técnicos do ministério e esperamos que ocorra ainda este ano e que formulem um caminho de políticas públicas para enfrentarmos isso, juntamente com os produtores. Se tem políticas públicas para os grãos, no Centro-Oeste, deveria ter para culturas como a cana no Nordeste”, diz Cunha.



Fonte: Revista Globo Rural Online

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