segunda-feira, 10 de junho de 2013

Plano Safra do Nordeste traz novos tempos, diz José Vieira


Imagem Interna
Diferentemente das lideranças ruralistas raivosas, que brandiam as espingardas para evitar a invasão de suas terras, a senadora por Tocantins Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, provou esta semana que é possível vencer as mais duras batalhas sem disparar um único tiro.

O lançamento na última terça-feira do Plano Safra 2013/2014, em Brasília, e pela primeira vez de um projeto especificamente para o Nordeste, que recolocou as bases do endividamento rural na faixa dos produtores não familiares, mostrou que o Brasil tem uma líder no agronegócio.

Para o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte, José Vieira, a dimensão da liderança de Kátia Abreu é hoje tão exponencial que não seria exagero nenhum dividir a recente história das lutas do agronegócio brasileiro em antes e depois da senadora do Tocantins.

“Sou suspeito para falar, mas a liderança da senadora e a interlocução dela com a presidente Dilma Rousseff nos possibilita ver hoje, pela primeira vez em muito tempo, uma luz no final do túnel para o semiárido destroçado pela seca”, comentou.

José Vieira, considerado uma grata e boa surpresa no rol das novíssimas lideranças do agronegócio num estado onde mais de 90% do território é semiárido, pode ter uma modesta colaboração no anúncio do Plano Safra do Nordeste ao lado das demais federações da região.

A Expedição Retratos da Seca, organizada em fevereiro deste ano por Vieira e que rodou mais de 1.100 km de ônibus pelas mais castigadas regiões produtoras do estado, levando cerca de 30 jornalistas, inclusive de publicações nacionais, gerou um retorno de mídia jamais visto no estado.

Inspirado nos passos do secretário da Agricultura Júnior Teixeira, quando este ainda ocupava  a presidência da Associação Norte-rio-grandense dos Criadores (Anorc) e que às vésperas da Festa do Boi do ano passado viajou com uma enxuta equipe de tevê documentando a seca no campo, Vieira produziu uma ação que transpôs as fronteiras.

Com simplicidade disse aos jornalistas: “Vocês olhem, perguntem, investiguem e tirem suas conclusões, não estamos aqui para impor nada, não queremos manipular e nem orientar a opinião de vocês, apenas organizamos a expedição”.

O resultado – se fosse contabilizado em minutos ou centímetros de coluna ganhos de graça em jornais – representou um respeitável retorno para a Faern, cuja sigla no passado já foi avassalada por denúncias que destruíram a sua credibilidade.

“Esse legado negativo não existe mais e a liderança da senadora Kátia Abreu recolocou o agronegócio brasileiro na condição de principal alternativa para a economia do país”, diz Vieira, cuja primeira decisão à frente da Faern foi abrir mão do salário que lhe caberia como presidente da entidade.

Isso é apenas um detalhe num ambiente com novas influências. Depois do anúncio do Plano Safra, numa casa de eventos de Brasília, a senadora Kátia Abreu reuniu as comitivas dos estados que participaram da solenidade na Esplanada dos Ministérios para fazer um balanço dos resultados. Sentando numa mesa bem em frente do palco,Vieira ouviu da senadora  frases do tipo: “O agronegócio brasileiro é aquela mocinha nova e bonita que chega à cidadezinha, despertando o ciúme das outras”.

E, para quem achava que haveria ali uma comemoração pelos mais de R$ 300 bilhões liberados pelo Governo Federal para o Plano Safra, Vieira presenciou uma manifestação bastante diferente. A de que é preciso sempre mais trabalho, traduzindo a visão de Kátia Abreu de que a política agrícola do passado se resumia a uma disputa por anúncios de mais recursos, sem que os instrumentos estivessem adequados à realidade da produção. Agora, não.

Sem se interpor ideologicamente ao governo, a CNA quer limpar algumas pautas e pôr fim às infindáveis prorrogações de dívidas, impondo-se pela qualidade e pelo poderio de sua organização. “É muito bom sabermos que um estado como o Rio Grande do Norte, onde ainda há muito a se fazer, pode ajudar de alguma maneira nesse esforço gigantesco, desencadeado por estados muito mais poderosos, para encontrar suas grandes vocações e também ser muito bom e eficiente no que faz”, diz José Vieira.



Conheça melhor as medidas do governo para o semiárido

Entre outras medidas, o Plano Safra prevê a suspensão das execuções das dívidas dos produtores da região até o fim do ano que vem. Também será concedido desconto de até 85% para a liquidação de operações de crédito contratadas até 2006 com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) ou do Tesouro Nacional.

Além disso, será criada uma linha com recursos do FNE para recomposição de dívidas contratadas até 2006, com valor original de até R$ 200 mil, em até dez anos. Já as operações contratadas a partir de 2007 e que estavam inadimplentes em dezembro de 2011 serão renegociadas em até dez anos, com três anos de carência para o início do pagamento.

O plano, cujo objetivo é permitir que o Nordeste conviva com a seca, complementa todas as ações que o governo federal tem implementado visando à segurança hídrica da região. A presidente Dilma Rousseff enfatizou, durante o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, que o compromisso com a população do Semiárido e com os produtores da região é “irrestrito”.

Segundo Dilma, o semiárido enfrenta uma situação grave e que, com um plano safra específico para a região, a segurança produtiva vai aumentar e a estrutura dos produtores rurais durante a estiagem também melhorará. “Temos tecnologia, experiência e, sobretudo, a vontade política de responder como o Brasil convive com a seca na região do Semiárido”, afirmou.

Uma das principais ações do plano será o estímulo à construção de silos para armazenagem de alimentos para que os pecuaristas possam alimentar seus rebanhos na época da seca. Atualmente, a escassez de milho, principal alimento dos animais, leva o governo a buscar o grão em outros estados e até a importar de países vizinhos, com um alto custo de deslocamento.

Fonte: O Jornal de Hoje

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