Artigos

Por Paulo Resende
A operação portuária no Brasil está muito distante das referências mundiais de eficiência e produtividade
Para atingir um padrão mais elevado é
necessário que o País estimule a concorrência que levará a melhores
níveis de serviços e até tarifas mais justas. A MP dos Portos tem tudo
para reduzir a ineficiência da Logística portuária principalmente pela
expectativa de maior participação da iniciativa privada nas operações. O
histórico domínio público da gestão dos portos tem sido prejudicial e,
agora, é necessário acelerar os investimentos e garantir que os
contratos sejam respeitados, tendo como fim uma inversão de valores, em
que o interesse político dá lugar à excelência operacional.
O elemento fundamental é a quebra da
dependência das empresas que operam no Brasil dos portos públicos.
Portanto, aumentar a oferta nos terminais privados é estimular a
concorrência. A competição entre terminais, sob a égide de marcos
regulatórios firmes e burocracia reduzida, deixa o jogo com regras
iguais para todos e aumenta a oferta de serviços portuários, com
expectativas reais de melhor acomodação da demanda. Nesse caso, ao se
abrirem as possibilidades de operação de cargas próprias e de terceiros,
os resultados podem ser a redução das tarifas e o aumento da qualidade
dos serviços. Esse caminho tem como linha de chegada as tarifas
competitivas em ambiente de alto nível de serviço.
Os terminais privados hoje trabalham com
capacidade ociosa em alguns meses do ano. Os terminais públicos
trabalham além da capacidade em todo o ano, justamente pela histórica
falta de investimentos, pelo excesso de burocracia e ineficiências
gerenciais* É de se supor, portanto, que ocorrerá uma demanda maior nos
terminais privados, o que poderá gerar um ciclo de investimentos para
aumento de capacidade. A MP dos Portos pode ser o início de uma era de
desconcentração portuária. Pode-se formar uma rede de portos
interconectados e, ao mesmo tempo, concorrentes entre si, o que
significa um maior aproveitamento do potencial brasileiro nessa área e
uma formação de corredores, logísticos globais a partir do interior do
País.
*Paulo Resende, é Coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral
Artigo publicado em O Estado de São Paulo, em 15 de maio de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
faça seu comentário