segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estiagem adia segunda etapa da vacinação contra a febre aftosa no Rio Grande do Norte

    Imagem Interna
    Sem previsão de chuvas para os próximos três meses e em pleno inquérito epidemiológico, a diretora geral do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), Fabiana Lo Tierzo, resolveu prorrogar em 30 dias o início da segunda etapa da campanha de vacinação contra aftosa, que deveria iniciar na última quinta-feira, 1° de novembro. A flexibilização do calendário de vacinação, em casos extremos de chuva ou seca excessiva, está prevista na legislação brasileira.


    Assim, em vez de terminar em 15 de dezembro, a vacinação será concluída em 15 de janeiro. Dos nove estados do Nordeste, só o RN e a Bahia, até o momento, decidiram-se pelo adiantamento e o Piauí já anunciou que irá suspender a campanha. Nesse caso, o estado corre o risco de ver trancado seu trânsito animal para outros estados, como recentemente ocorreu com o RN em relação a Pernambuco e Ceará.


    No último sábado (03), Fabiana Lo Tierzo explicou que resolveu prorrogar a campanha em função da seca que atinge o Nordeste, dando mais tempo para que os produtores adquiram as vacinas e novas remessas de milho do estoque do governo cheguem à região.


    Além disso, espera-se que os pequenos produtores com até 10 cabeças de bovino e 30 cabeças de ovinos e caprinos comecem a se beneficiar de doações de volumoso já autorizadas pelo governo do estado a serem repassadas pela Emater.


    Lo Tierzo disse que resolveu tomar essa decisão depois de se reunir com técnicos do instituto e colher informações nos estados vizinhos que atravessam o mesmo problema da estiagem. “Com essa seca, que ainda deverá ser longa, seria temeroso esperarmos mais para uma decisão”, afirmou.


    A meta é garantir um índice de vacinação de 80%, considerado satisfatório pelo Ministério da Agricultura em tempos de seca. Nas demais regiões do País, esse índice é de 85%.  Onde ocorrer prorrogação ou suspensão da vacinação, os bovinos que precisarem ser transportados para outros estados terão que ser vacinados previamente, segundo informações do Mapa.


    Flexibilizar o calendário da segunda etapa da vacinação tem por objetivo amenizar os prejuízos contabilizados pelos produtores nordestinos. A ideia é impedir que os produtores que já perdem animais para a estiagem e a desnutrição não os percam em virtude do manejo mal feito, pois já estão com os organismos debilitados pela falta de água de alimento.


    Segundo o diretor de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, o manejo é o único risco nesses casos. Mas garantiu  que, ao vacinar  animais, os produtores não precisam se preocupar com os efeitos da imunização, já que a vacina não provoca mortalidade ou aborto. O que provoca, segundo os técnicos, é o manejo inadequado do rebanho agravado pela fome e sede e o estresse provocado nos animais.


    No sábado, o presidente da Federação de Agricultura do RN, José Álvares Vieira, informou que das quase 94 mil toneladas de milhos do estoque dos armazéns da Conab que deveriam abastecer o estado, apenas 1/3 – 28 mil toneladas – chegaram até o momento nos últimos três meses. “Temos algum milho em Mossoró, Caicó, Umarizal e João Câmara e nem um saco em Natal”, afirmou Vieira.

    Segundo ele, já está em vigor da cota de 10 sacos de 60 kg por produtor e o Governo Federal, embora não esteja de braços cruzados, ” ainda não faz o que é possível para minimizar os fetos da seca na região”.


    Sobre o plano de emergência anunciado recentemente pela governadora Rosalba Ciarlini para investir R$ 1 bilhão no Estado em obras emergenciais e estruturantes contra a seca, Vieira disse que os recursos efetivamente desembolsados ainda são muito modestos diante da gravidade da situação.


    A posição do Piauí de adiar a vacinação não deixa de ser realista. O estado defende que a vacinação seja feita somente só após a volta das chuvas na região castigada pela seca, ou seja, dentro de dois ou três meses.


    Desde 2003, o Piauí também luta para se transformar em área livre de febre aftosa, transformando-se em área de risco médio. O passo seguinte seria transformá-lo em área livre de aftosa com vacinação, mesmo foco do RN. Os resultados da última etapa da campanha ali conseguiram superar os do RN, com 97% do rebanho atingido.

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