quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pecuaristas fazem fila por milho


Imagem Interna
Produtores fazem fila à espera de milho nas Unidades Armazenadoras da Companhia Nacional de Abastecimento no Rio Grande do Norte (Conab). Na unidade de Assú, que atende 20 municípios, o estoque acabou e só deverá ser normalizado em sete dias. O embarque, a partir de Mato Grosso, Sul do país, foi autorizado esta semana. Para receber o milho, produtores chegam a dormir na porta da unidade e recebem fichas. O produto é usado para alimentação animal e é vendido a preço subsidiado pela Conab.

Em outros armazéns da Companhia, o volume disponível caiu e há demora na reposição do estoque, por causa de problemas logísticos. As operações de transporte de outros estados para o RN estão mais lentas em razão da dificuldade enfrentada pelas transportadoras contratadas para fazer o serviço. Segundo José Onildo, gerente da unidade de Assú, além dos 1.260 produtores que compram milho a preço subsidiado no município, há outros 850 produtores que se cadastraram e ainda não foram 'contemplados'. A situação poderia ser ainda pior. A unidade foi desmembrada há poucos meses. Antes, atendia quase 30 municípios.

O problema de desabastecimento, afirma a Federação da Agropecuária do Rio Grande do Norte, é generalizado. "Os depósitos estão zerados", afirma José Vieira, presidente da Federação.

Na unidade de Caicó, que atende outros 24 municípios, também não há milho. As 102,3 toneladas enviadas esta semana para a central (e que ainda não chegaram) não são suficientes para atender nem 8% dos produtores cadastrados, afirma João dos Santos, gerente da unidade.

A situação é semelhante à enfrentada em Assú. Dois mil produtores conseguem comprar milho a preço subsidiado. Outros 800 não conseguem porque não há o suficiente. "Acredito que o número seja ainda maior. Muitos não estão sendo atendidos. Só Deus e eu sabemos o que estamos passando", afirma João. O gerente já decidiu como dividirá as 102,3 toneladas que chegarão na próxima semana. "Vou estabelecer uma cota única. Quem deveria receber 80 sacas, vai levar só 10. Assim dá para atender mais produtores". Apesar da estratégia, só 170 serão atendidos. "Entrego à Deus. Na hora, Ele vai me guiar e eu vou saber dividir o milho".

O problema não se resume ao interior do estado. Na unidade Caiapós, em Natal, que atende mais de 30 municípios, a venda de milho foi suspensa na última terça-feira, informou Zozimara Silva Santos, gerente. Só quem pagou com antecedência pode retirar o milho que ainda resta. As vendas só serão retomadas quando o estoque for resposto, afirma Zozimara. O que só deve ocorrer na primeira quinzena de setembro. "Vamos esperar a carreta". Mais de 1,5 mil produtores estão cadastrados na unidade. A fila de espera é, no entanto, menor que a das outras unidades. "Acredito que o número de produtores que não foram contemplados não chegue a 500", estima a gerente.

O superintendente da Conab/RN, João Lúcio, não confirma a existência de filas de espera, mas admite que "a demanda supera em 100% a oferta". Ele confirma o embarque  de milho para o RN esta semana, mas diz não saber quando a situação se normalizará. A greve dos caminhoneiros, uma das causas apontadas, acabou e o problema não foi solucionado. Os estoques no estado estão baixos, segundo João Lúcio, porque o abastecimento ainda está irregular.  A Conab anunciou ontem novos embarques para o estado.

Novas remessas são esperadas no RN

O governo federal vai autorizar na próxima sexta-feira (24) o embarque de mais 30 mil toneladas de milho para o Rio Grande do Norte. O volume não considera o milho já autorizado e que começou a ser embarcado esta semana. A informação é da Federação da Agropecuária do RN (Faern). A Companhia Nacional de Abastecimento embarcou ontem (22) 287 toneladas de milho para João Câmara, Umarizal, Natal, Currais Novos e Caicó.

A companhia já havia embarcado 168 toneladas para Umarizal e Natal na última terça-feira e 412 toneladas para João Câmara, Natal, Caicó e Mossoró na última segunda. "O problema é que os caminhoneiros esperam atingir a capacidade máxima para   conseguir preços de frete mais atrativos", afirma o superintendente da companhia no estado, João Lúcio. "Transportar milho para o RN não seria vantajoso. Foi o que os caminhoneiros disseram aos produtores", completa José Vieira, presidente da Faern.

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