sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Presidente da CNA Senadora Kátia Abreu cobra compensação pela proteção a floresta


Uma definição mais clara sobre o Redd - mecanismo idealizado para recompensar os países que protegem suas florestas e, com isso, reduzem a emissão de gases - é a grande expectativa do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), que se realiza em Copenhague. A opinião é da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que considera injusta a resistência dos países ricos a esse financiamento.
Em entrevista à Agência Senado, ela se mostrou pouco otimista sobre um acordo em torno do assunto. "Na verdade, não se chegará a acordo algum; eles não entendem que, quando deixamos de degradar o meio ambiente, deixamos de poluir o planeta", afirmou.
Segundo Kátia Abreu, o Brasil será um dos países mais prejudicados se o Redd não for assegurado na cúpula de Copenhague.
Quanto à ideia de se reduzirem os rebanhos para diminuir a emissão de metano, ela advertiu que, se a medida fosse adotada, "haveria o risco de se criar uma elite privilegiada que vai comer carne cara, quando muitas populações do mundo ainda nem conhecem esse alimento".
Agência Senado - Sua expectativa então é de que não haverá acordo?
Kátia Abreu - Ao final, não se chegará a acordo nenhum. Eles não entendem que, quando deixamos de degradar o meio ambiente, deixamos de piorar o planeta. E aí, não vamos ser remunerados por isso? A nossa floresta é um estoque de oxigênio. Se a devastarmos, é um emissor de CO2. O fato preocupante é os países ricos quererem que a gente ajude a pagar a conta. Se os ricos não puderem remunerar os países que têm florestas por deixarem de poluir, esses países vão viver de que?
Agência Senado - Reunidos para salvar o planeta, os representantes do mundo não estão conseguindo se entender?
Kátia Abreu - Exatamente. Não dá para ter posições isoladas. O aquecimento não está em cima do Brasil ou da índia. Esse aquecimento é geral, não há como separar espaço. Ou a humanidade se une ou não tem outra expectativa. Em minha opinião, pelo menos pontos positivos e negativos com relação ao Redd foram identificados nesta cúpula. Há um consenso de que os ricos têm que reduzir sua poluição e compensar os países em desenvolvimento que fizerem o mesmo. Não se muda as coisas da noite para o dia. De alguma forma, o debate está avançando.
Agência Senado - Além do Redd, que outra preocupação mobiliza o Brasil em Copenhague?
Kátia Abreu -
Os países que mais produzem carne bovina querem investir em pesquisa para encontrar caminhos para reduzir a emissão de metano pelos rebanhos. Descobrir algo na pesquisa para incorporar à alimentação do gado e fazê-lo emitir menos metano é o propósito. Argentina, Brasil, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália, que têm os maiores rebanhos, estão se articulando para criar um fundo para acelerar a pesquisa.
Agência Senado - E quanto à idéia de reduzirem-se os rebanhos?
Kátia Abreu
- Não dá para reduzir rebanho, sob o risco de criar-se uma elite privilegiada que vai comer carne cara, quando muitas populações do mundo ainda nem conhecem esse alimento. Quem tem o direito de fazer isso com populações pobres, totalmente alijadas do consumo de proteína animal? Teríamos mais ganhos se reduzíssemos nossos rebanhos e aumentássemos o preço da carne. Mas, e aí, como é que fica a humanidade?

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