Único estado onde os armazéns da
Companhia Nacional do Abastecimento estão razoavelmente supridos de
milho, o Rio Grande do Norte pode sofrer uma redução desse estoque por
falta de trabalhadores para fazer o descarregamento e ensacamento da
mercadoria e não pela falta de caminhões, como este jornal divulgou
ontem.
Na última quinta-feira, em Currais Novos, um
problema com a transportadora fez com que 21 carretas não descarregassem
o milho imediatamente, mas esse problema, que já foi resolvido, não
teve nada a ver com a Conab e sim a partir de uma desinteligência
interna na empresa encarregada do frete, segundo esclareceu no último
sábado o presidente da Federação da Agricultura, José Vieira, que
monitora de forma independente os carregamentos de milho da companhia.
Sem
dinheiro para pagar os trabalhadores já cadastrados nos estados, o
temor agora é que, quando os próximos carregamentos chegarem, fiquem
impossibilitados de serem recepcionados e trabalhados. José Veira
examinou a possibilidade de realizar um convênio com a Conab para
levantar a quantia necessária, mas diante de alguns problemas que
poderiam ocorrer ele preferiu descartar essa possibilidade.
Diante
disso, resolveu apelar para a saída política e procurou ontem o
deputado Henrique Eduardo Alves, pedindo sua interveniência no caso
junto ao Ministério do Planejamento, onde os recursos são ordenados. O
deputado teria se comprometido a ajudar.
Não é muito
dinheiro envolvido, segundo José Vieira. “O calculo por cima indica que
por volta de R$ 200 mil seriam suficientes para pagar os trabalhadores”,
estimou o presidente da Faern. “O problema é que poderíamos arranjar
esse recurso se tivéssemos a certeza de ressarcimento, uma vez que a
Federação luta com dificuldade para manter suas ações”, afirmou Vieira.
Outro
problema que vem se desenhando para os produtores é a morosidade com
quea o Banco do Nordeste estaria liberando os recursos para os
agricultores adquirirem o milho do programa de balcão da Conab.
“Já
tive oportunidade de dizer para o novo superintendente do BNB no estado
que essa lentidão tem prejudicado muito os produtores potiguares, que
já chegaram a seu limite por causa da seca”, acrescentou Vieira.
O
novo superintendente estadual do Banco do Nordeste (BNB) no estado é
João Nilton Castro Martins, que substituiu José Maria Vilar, que deixou a
superintendência para assumir a superintendência da Área de
Gerenciamento Estratégico, na Direção Geral, em Fortaleza.
José
Vieira avalia que um problema tem puxado outro na luta dos produtores
por condições melhores para minimizar os efeitos da seca no RN.
“A
chegada irregular do milho no estado foi o primeiro problema, resolvido
depois de muita luta. Hoje, inclusive, somos um dos estados no Nordeste
que não tem mais esse desabastecimento. Agora, é a falta de receita da
Conab para pagar os trabalhadores responsáveis por ensacar o produto a
granel. Quando este problema estiver resolvido, teremos que cobrar do
BNB mais agilidade na liberação dos recursos para que os produtores
possam adquirir o milho subsidiado do governo”, lembrou Vieira.
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