Toda semana, das cerca de cem
propostas de empréstimos solicitados por produtores rurais que dão
entrada na agência de Mossoró, entre 70 a 80 são devolvidos por
insuficiência de dados, erros de preenchimento ou informações que não
batem umas com as outras, acarretando na recusa dos pedidos. É um
problema que atinge hoje todas as regiões do estado.
De
maio para cá, quando começou o período de estiagem, o Banco no Nordeste
já contratou no RN financiamentos no valor de R$ 114 milhões, dos quais
84% exclusivamente para o meio rural. Mas só apenas a partir de outubro
os pedidos de empréstimos pelos agricultores mais do que quadruplicaram
em relação aos meses anteriores, sobrecarregando as 12 das agências do
BNB no estado.
“Hoje temos 16 pessoas de fora
da estrutura do banco trabalhando exclusivamente na análise desses
pedidos de financiamento e outras duas da superintendência dando apoio”,
disse nesta segunda-feira, Orlando Gadelha Sobrinho, gerente da área
agrícola, agricultura familiar e mini produtores rurais do BNB no
estado.
Para ele, a corrida por financiamentos
do Banco explodiu em outubro porque muita gente não esperava que a
estiagem se prolongasse por tanto tempo. “Embora a linha de crédito
contemple muitos diferenciais em se tratando do pequeno produtor rural,
na prática continua um financiamento bancário e sua concessão requer a
apresentação de comprovantes inerentes à tomada de recursos”, afirmou.
E
acrescentou: “Seguimos à risca as portarias governamentais (a 4077 para
o Pronaf e a 476 para os demais públicos) e não colocamos qualquer
empecilho para que os produtores tenham acesso ao recurso. Quando ela (a
portaria) trouxer qualquer novidade que facilite o acesso, acataremos
imediatamente”.
Segundo Gadelha, só em Mossoró
quatro pessoas de fora da estrutura do BNB foram contratadas para
agilizar a análise dos pedidos de financiamento. “O problema é que
enquanto 100 desses pedidos já estão em análise dentro da instituição,
outros 150 entram em média toda a semana”, assinala Gadelha.
Muitos
pedidos já analisados retornam, provocando um “retrabalho insano”, como
define o próprio gerente. Ele esclarece que além de dados pessoais do
tomador e da propriedade, que podem ser obtidos junto ao Instituto de
Defesa Agropecuária (Idiarn), o produtor precisa apresentar um projeto
onde expõe sua necessidade.
Em se tratando de
gente simples, sem instrução, muitos órgãos como a Emater, Sebrae,
cooperativas e empresas privadas de assistência agropecuária estão na
lista dos que podem assessorar os agricultores na tarefa de preparar os
projetos a darem entrada no Banco. Muitos desses agricultores queixam-se
de que em suas regiões não encontram essa ajuda.
Até
na última sexta-feira, as agências do BNB analisavam 2.450 projetos de
empréstimo. “É um número muito grande e é normal que eles atravanquem o
serviço”, argumentou o gerente da área agrícola.
Na
semana passada, o presidente da Federação da Agricultura, José Álvares
Vieira, acusou o BNB de morosidade na liberação dos recursos aos micro e
pequenos produtores, que precisam do dinheiro, inclusive, para comprar o
milho disponível nos armazéns da Conab no estado. Nessa mesma ocasião,
ele alertou para a falta de dinheiro da receita da Conab para pagar os
trabalhadores que recepcionam e ensacam o produto que chega à granel em
carretas do Centro Sul.
“Não bastasse a Conab
estar com essa dificuldade, os produtores que precisam de dinheiro para
adquirir o milho não estão conseguindo acessar os recursos das linhas de
crédito do BNB”, afirmou.
Hoje, em nota, a
assessoria de comunicação da Conab em Brasília disse que a interrupção
nos embarque de milho destinados à região nordeste se deve ao período de
férias coletivas dos armazéns privados, indisponibilidade de caminhões
para transporte nas proximidades das datas festivas de fim de ano e
necessidades por parte desses armazéns privados realizarem seus
balanços. “Diante disso – diz a mensagem -, a Conab solicitou às
empresas transportadoras que aumentassem os fluxos de embarques nas
semanas anteriores ao dia 14/12/2012, visando evitar possíveis
desabastecimentos até a retomada da operação no dia 07/01/2013″.
Fonte: O Jornal de Hoje
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