Nordeste reivindica criação do PAC do semiárido contra a seca
O presidente do Conselho Nacional dos
Secretários de Agricultura (Conseagri), Eduardo Salles, apresentou a
proposta de criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do
semiárido, destinando recursos não reembolsáveis para ações
estruturantes e permanentes de convivência com o semiárido, durante
debates sobre a reestruturação produtiva do semiárido nordestino,
realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em Petrolina
(PE).
Salles, que também é secretário de
Agricultura da Bahia, lembrou que a seca não é algo a ser combatido, mas
é preciso aprender a conviver com ela. "Não podemos nos enganar com as
chuvas que estão acontecendo agora. A seca não acabou e vai acontecer
todos os anos, em maior ou menor intensidade. Precisamos criar condições
para produzir e viver com dignidade no semiárido", disse o secretário.
O presidente do Conseagri explicou que a
proposta do PAC semiárido está centrada na implantação de reserva
alimentar de palma forrageira em cada uma das cerca de 1,5 milhão de
propriedades da Agricultura familiar da Região Nordeste, com recursos
não reembolsáveis, e perfuração de poços artesianos e construção de
pequenos barramentos nas comunidades para garantir a oferta de água para
as pessoas e os animais. Eduardo Salles solicitou ainda a doação de
máquinas perfuratrizes, com o conjunto de brocas, aos consórcios
municipais do Nordeste, com o objetivo de acelerar a perfuração de poços
e a oferta de água para os animais.
Salles lembrou que no início deste mês,
em Fortaleza, a presidente Dilma anunciou pacote de R$ 9 bilhões para
serem utilizados em medidas de combate aos efeitos da seca no Nordeste,
incluindo máquinas retroescavadeira, caminhão-caçamba, carro-pipa, pá
carregadeira e motoniveladora, e afirmou que "é importante também que as
prefeituras recebam máquinas perfuratrizes".
"Os rebanhos do Nordeste estão se
perdendo, e temos que ampliar as ações para minimizar os prejuízos",
disse o presidente do Conseagri.
Para ele, com as perfuratrizes, as
prefeituras podem cavar os poços com maior rapidez, aumentando o
potencial de oferta de água, mesmo que salobra.
Salles alertou que também são necessários
equipamentos sobressalentes, a exemplo das brocas, porque as
prefeituras não têm recursos para comprá-las, acrescentando que "a
doação desse tipo de equipamento é o sonho de todos os secretários de
Agricultura do Nordeste".
Ações baianas
Segundo Salles, várias ações de convívio
com a seca estão sendo implementadas pelo governo baiano, como o aumento
no número de armazéns para estocagem de milho na Bahia, de 9 para 22. O
secretário lembra que a concentração dos armazéns em poucos municípios
dificultava a vida do criador. "Alguns criadores que precisavam adquirir
10 sacos de milho tinham que percorrer até 500 km, uma situação difícil
e que nós precisávamos resolver com a instalação de novos polos de
venda."
Salles também lembrou das dificuldades da
chegada do milho dos armazéns do Centro-Oeste do País, localizados em
Goiás, Mato Grosso, ao Nordeste. A partir dos leilões que estão sendo
realizados, 20 mil toneladas de milho chegarão ao Porto de Salvador para
depois ser distribuído, dando maior celeridade ao processo de entrega, e
as outras 60 mil t, virão ensacadas, mas será comprada já do oeste da
Bahia e da região do "Matopiba", que reúne os estados do Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia, onde a colheita do milho já foi iniciada,
disse.
Salles confirmou também a abertura de
Biofábrica de Palmas, em Juazeiro, entre as ações emergenciais para o
convívio com a seca. Segundo ele, a previsão é produzir cerca de 1
milhão de mudas de palma por mês, garantindo alimentação animal em
períodos de estiagem. O investimento é de R$ 1,3 milhão do Fundo
Estadual de Combate e Erradicação à Pobreza (Funcep).
O secretário falou ainda da implantação
de unidades multiplicadoras de palmas da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola (EBDA), nos municípios baianos, da sugestão
enviada ao governo federal para a elaboração do PAC semiárido, da
realização do SOS Seca e citou outras ações, como a construção de
barragens subterrâneas, expansão do Garantia safra e do Bolsa Estiagem,
medidas complementares do governo estadual, para viabilizar a
estruturação do semiárido para o período de estiagem.
Milho para o NE
A Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) realiza novo leilão de milho amanhã para atender a Região
Nordeste. Na última sexta-feira, a Conab comprou 22 mil toneladas de
milho, das 24.700 mil postas em leilão para atendimento aos produtores e
criadores Rurais nordestinos.
A operação segue o modelo anunciado pela
presidente Dilma Rousseff e definido na Medida provisória 610, de 2 de
abril de 2013. O documento estabelece que o produto deve ser adquirido a
granel e entregue pelo vendedor em cinco portos do Nordeste.
Fonte: DCI