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Oportunidade para a agricultura
Por Hélio Tollini*
Há dois caminhos para fortalecer o
crescimento da Agricultura brasileira. Um é por meio da expansão do
mercado consumidor. O outro é via desenvolvimento tecnológico
Há dois caminhos para fortalecer o crescimento da Agricultura
brasileira. Um é por meio da expansão do mercado consumidor. O outro é
via desenvolvimento tecnológico. Um expande o volume de negócios, outro
aprofunda a base de competitividade. O país precisa de uma Agricultura
maior e mais forte. Para isso, as políticas agrícolas devem concentrar
atenção nas duas fontes de crescimento.
A expansão do mercado ocorre naturalmente via
crescimento da população e da renda per capita, mas isso é insuficiente
para um país que precisa e pode crescer mais. É necessário expandir o
mercado, expandindo o mercado externo. Essa é a forma sustentável de
ampliar a produção, o emprego e a renda do setor, aumentando ainda a
segurança alimentar e a geração de divisas, sempre muito importantes
para financiar importações. Vale repetir, tal caminho aumenta a
segurança alimentar da população.
Uma forma de conquistar mercados consiste em
reduzir a concorrência de produtos subsidiados. O famoso Contencioso do
Algodão é o caso mais próximo de sucesso que algum país já alcançou na
área da Agricultura. Contenciosos para eliminar subsídios proibidos ou
acionáveis são a maneira formal de ampliar mercado via abrandamento de
condições de competição - forma difícil, onerosa e contrariada até por
interesses internos.
Questões agrícolas dificultam as negociações na
Organização Mundial do Comércio (OMC). Olhando-se o histórico,
verifica-se um alongamento dos prazos desde a primeira negociação até a
de Doha, a última, e ainda não concluída. Para os otimistas, há a frase
da ministra do Comércio da Indonésia: "Negociações multilaterais nunca
falham, apenas continuam".
Quando o tema Agricultura passou a fazer parte da
agenda da OMC, as rodadas de negociações se tornaram mais difíceis e
longas. Países em desenvolvimento não oferecem risco de competição no
mercado de produtos industriais e, mais recentemente, no de produtos
"intensivos em conhecimento". Mas podem ser competidores fortes nos de
produtos agrícolas.
Para países em desenvolvimento, elevar a produção e
a produtividade é essencial para alavancar o processo de
desenvolvimento. Gerar excedentes que elevem suas agriculturas da
situação apenas de autossuficiência para a orientação de mercado é
essencial. O Brasil tem um agronegócio forte e competitivo e grande
número de pequenos produtores com várias limitantes em termos de
disponibilidade de terras, de capital e de informação para progredir.
Tanto o agronegócio quanto a pequena Agricultura
necessitam de constante fluxo de tecnologia para manter e aumentar os
índice de produtividade. E a economia brasileira necessita do avanço
nesses setores para progredir. É grande setor microeconômico que ajuda a
macroeconomia, via contenção do índice de preços de alimentos, redução
do desemprego e geração de divisas.
A Holanda direcionou seu sistema de pesquisa
Agrícola primeiramente para o aumento da produção de alimentos. À época,
a contribuição mais importante da Agricultura era gerar excedentes
alimentares para abastecer a população. Resolvido esse problema, o país
dirigiu seus sistema gerador de tecnologias agropecuárias para gerar
excedentes exportáveis. Foi, dessa forma, revendo e revisando os
objetivos de sua pesquisa para melhor focar os problemas de cada época.
O importante é reconhecer o efeito macroeconômico
de pesquisa Agrícola bem conduzida e de ambiente favorável de política
econômica e Agrícola. Estabilização econômica e crescimento são efeitos
claros do bom desenvolvimento da Agricultura.
Dessa situação decorre oportunidade para a
Agricultura brasileira. De um lado, há ainda bastante espaço para
aumentar a produtividade do setor e, de outro, o comércio mundial pode
se tornar competitivo pela eliminação de subsídios que o distorcem.
Aumentar a produtividade da Agricultura brasileira depende em parte do
desenvolvimento tecnológico e, em parte, da política econômica do
Brasil.
* Hélio Tollini é Engenheiro agrônomo, é Ph.D. em economia. Artigo publicado no Correio Braziliense
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