Artigo:
Por Kátia Abreu
A cada dia se batem recordes de produção, enquanto o desmatamento cai e a área plantada é quase a mesma
Aristóteles dizia que a lei é a razão livre de
paixões. Não foi o que praticou Marina Silva ao longo dos cinco
desastrosos anos em que comandou o Ministério do Meio Ambiente. Nesse
período, a agora candidata a presidente ou a vice dedicou-se a mover
perseguição feroz e fundamentalista à agropecuária nacional. E não parou
mais.
A grande marca de sua gestão foi rotular o agro de
atrasado e destruidor do ambiente. Uma mancha irreparável à imagem
internacional do setor, que a duras penas tentamos restabelecer.
Felizmente, o agro está sendo reconhecido e as
mentiras tornam-se insustentáveis. São novos recordes de produção a cada
dia, enquanto o desmatamento cai e a área plantada e de criação segue
praticamente a mesma.
O Brasil está cumprindo todos os acordos
ambientais internacionais, garantindo produção com preservação. Por onde
se olha, veem-se avanços. Nos últimos 40 anos, a produção de grãos
multiplicou-se por seis, enquanto a área de lavoura aumentou apenas uma
vez e meia. Isso é inovação e tecnologia. É sustentabilidade em sua
forma mais cristalina.
Depois que Marina deixou o governo, em maio de
2008, o desmatamento foi reduzido a menos da metade (-55%). Ao longo dos
cinco anos e meio em que ela comandou o Ministério do Meio Ambiente, a
redução foi menor: 45%. No período Marina Silva, desmataram-se em média,
na Amazônia, 18 mil quilômetros quadrados por ano. De lá para cá, a
média anual caiu para 6.000 quilômetros quadrados.
À revelia dos números, porém, a ex-ministra
insiste na tese do retrocesso. Em recente entrevista ao jornal "Valor",
deu sua receita sonhática para alimentar 9 bilhões de pessoas: "Não é
aumentando a pressão sobre as florestas, sobre os recursos hídricos,
sobre as áreas agricultáveis. É aumentando a produção por ganho de
produtividade. São novas lógicas que vão se estabelecendo a partir do
ideal de uma cultura de sustentabilidade".
Quanta singeleza! Ela renega a irrigação em um
país que tem 12% da água doce do planeta e no mínimo 20 milhões de
hectares a serem irrigados, dobrando a produção nas área atual sem danos
à natureza.
Abomina a tecnologia dos alimentos geneticamente
modificados, que demandam menos agroquímicos. Escamoteia da opinião
pública que o Brasil tem, intocados, 61% do território, enquanto a
agropecuária ocupa apenas 27,7%.
Aliás, na Amazônia, o Código Florestal que ela
reputa um retrocesso só permite o plantio e a criação em 20% das
propriedades privadas. E não remunera o produtor que mantém,
preservados, os demais 80% de sua área.
Mas o discurso desaba mesmo é quando a confrontamos com sua própria "produtividade" à frente do Meio Ambiente.
Em junho de 2003, por exemplo, ela criou a sua
primeira unidade de conservação: a Reserva Biológica da Mata Preta, no
Jequitinhonha (MG). Cinco anos depois, quando deixou o ministério, a
Mata Preta não estava sequer demarcada e muito menos tinha plano de
manejo.
A lei manda regularizar as unidades de conservação
em até cinco anos após sua criação. Marina Silva foi embora sem tirar
do papel nem mesmo a primeira das dezenas de unidades que criou,
revelando a prática do ambientalismo improdutivo por ela instaurada.
Esse exemplo, por sinal, é paradigmático. Uma
comunidade quilombola habitava a Mata Preta, com mais de 700 pessoas
vivendo do extrativismo. O Ministério do Meio Ambiente exigiu, à época, a
expulsão dos nativos.
Não conseguiu, devido à reação e ao enorme
problema social que o gesto insano causaria. Até hoje, a área não foi
regularizada, e o Observatório Quilombola considera a futura demarcação
uma "hecatombe social".
Não houve retrocesso na política ambiental
brasileira. Está havendo bom-senso depois da fúria preservacionista
ideológica dos últimos 20 anos, período em que 124 milhões de hectares
--quase 15% do nosso solo-- foram convertidos em unidades de conservação
"de papel". Tanto que, segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio), só 44
das 312 unidades haviam sido demarcadas até março de 2013. O restante
delas é mera ficção.
KÁTIA ABREU, 51, senadora
(PMDB/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil), escreve aos sábados na Folha de S.Paulo.
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