O ano praticamente acabou, mas as
perdas provocadas pela seca que assolou o Nordeste do país ao longo de
2012 não param de ser contabilizadas. A estiagem prolongada afeta,
especialmente, a produção de cana-de-açúcar da região, uma das suas
principais culturas, em plena safra 2012/2013. Só nesta temporada, os
prejuízos provocados pela seca, somando apenas os estados de Alagoas e
Pernambuco, podem ultrapassar R$ 1,3 bilhões.
O Sindicato
das Indústrias de Açúcar e Álcool (Sindaçúcar) prevê que a safra
2012/2013 do Nordeste atinja entre 52 a 53 milhões de toneladas, frente
ao volume de 65 milhões de toneladas colhidas na temporada anterior. Um
impacto que preocupa os produtores da região, que responde por 12% da
renda nacional de açúcar e álcool, além de garantir 35% dos empregos
diretos gerados pelo setor no país.
Em Alagoas, a
produtividade média caiu de 70 toneladas por hectare para menos de 45
toneladas por hectare em algumas regiões. Com isso, segundo cálculos do
Sindaçúcar-AL, o Estado terá uma redução de receita do setor
sucroenergético da ordem de R$ 850 milhões na safra 2012/2013.
Até
o início de dezembro, as usinas alagoanas haviam beneficiado mais de
dez milhões de toneladas de cana da safra atual, produzindo 904 mil
toneladas de açúcar e 190 milhões de litros de etanol. Os volumes
representam, respectivamente, um recuo de 12,98% no beneficiamento da
cana, com queda de 3,77% no açúcar e de 22,51% no etanol em comparação à
temporada anterior.
Para o presidente do Sindaçúcar-AL,
Pedro Robério Nogueira, trata-se da maior conjunção negativa que se
abate sobre esse setor devido à junção de fatores como a perda de
competitividade com gasolina, que reduz o mercado para o etanol
hidratado; a queda dos preços externos pela crise europeia; a perda de
receita pela redução de produção ocasionada pela seca e, finalmente, a
redução da rentabilidade econômico-financeira.
“O que
precisa ser feito é aumentar o nível de irrigação dos canaviais e
aumento da quantidade de barragens de contenção de água. Contudo essas
medidas requerem aporte financeiro importante e o setor não dispõe de
poupança doméstica para isso, face à continuada perda de receita pela
redução dos preços dos seus produtos, agora agravada pela redução de
volume a ser comercializada em decorrência da seca”, destaca Nogueira.
Pernambuco
A
produção de cana-de-açúcar em Pernambuco na temporada 2012/2013 deve
alcançar o volume de 13,7 milhões de toneladas, frente aos 17,4 milhões
do ano passado. Segundo cálculos do sindicato, isso representa uma queda
de R$ 500 milhões na receita gerada pelo setor sucroenergético
pernambucano.
Uma das maiores preocupações do setor,
agora, é com a mortandade das raízes das plantas caso a seca se
prolongue durante a entressafra, que vai ocorrer entre janeiro e abril
na região este ano.
O presidente do sindicato de
Pernambuco, Renato Cunha, reclama que o Ministério da Agricultura tem
respondido pouco às reivindicações do setor no Nordeste. “O Nordeste tem
tido cenários de secas agudas a cada cinco anos, que castigam a região e
afetam drasticamente o potencial de produção e o fluxo de caixa.
Estamos aguardando a visita de técnicos do ministério e esperamos que
ocorra ainda este ano e que formulem um caminho de políticas públicas
para enfrentarmos isso, juntamente com os produtores. Se tem políticas
públicas para os grãos, no Centro-Oeste, deveria ter para culturas como a
cana no Nordeste”, diz Cunha.
Fonte: Revista Globo Rural Online
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