O titular da Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), Gilberto Jales, confirmou ontem
que a estimativa do Estado é que pelo menos 90% da safra de feijão e
milho do regime de sequeiro (produzido só com o inverno) está perdida.
"Quem plantou, até agora, perdeu e quem plantar, de agora em diante, não
há previsão de chuvas suficientes", lamenta.
A preocupação é
maior porque nos períodos de inverno de 2010 e 2011 não houve chuvas
suficientes para se concretizar bem a produção de legumes, especialmente
nas regiões do Seridó e Oeste do Rio Grande do Norte. Nessas regiões,
segundo Gilberto Jales, já existe uma preocupação muito grande com
relação à falta de água para o abastecimento animal.
Por
determinação da governadora Rosalba Ciarlini Rosado, uma equipe de
especialistas do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER), segundo Gilberto Jales, está fazendo um estudo do real
prejuízo ocasionado na lavoura de sequeiro e a quantidade aproximada de
pequenos produtores prejudicados novamente.
O secretário da
Semarh explica que o quadro já é de emergência decretada pelo Governo do
Estado em 139 municípios, porque nos primeiros três meses não choveu o
suficiente para segurar a safra, e se por acaso vir a chover nos
próximos dois meses, não será suficiente para garantir a produção de
milho e feijão, que, segundo Gilberto, precisam de 80 dias de chuva.
Nas
regiões de Alexandria e Luís Gomes, além do abastecimento animal, o
abastecimento humano já é precário. As cidades de Antônio Martins, que
tem 6,5 mil habitantes, e Luís Gomes, que tem 10,5 mil habitantes,
entraram em colapso. Os açudes que abastecem essas cidades não tomaram
água nos últimos três anos e, provavelmente, neste ano também não.
Para
essas situações mais graves, Gilberto Jales destaca que será muito
importante para o decreto de emergência, pois vai facilitar a busca por
recursos na esfera federal para socorrer essas famílias. Já, nas demais
cidades que tiveram decreto de emergência, Gilberto Jales destacou que
foi mais em decorrência do homem do campo do que da cidade.
Nas
regiões mais distantes das cidades, o quadro é mais preocupante, porque
os pequenos açudes secaram e é preciso ajudar essas famílias com
carros-pipas. "Esse trabalho já está presente em 71 municípios", diz
Gilberto Jales, referindo-se ao Programa Carro-Pipa do Ministério da
Integração Nacional, executado no Rio Grande do Norte pelo Exército.
Nas
regiões urbanas, o quadro não é tão preocupante graças aos sistemas de
adutoras, que abastecem as cidades com reservas hídricas, como a
Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, que está com mais de 70%
de sua capacidade total de armazenamento de R$ 2,4 bilhões de metros
cúbicos de água, na região do Vale do Açu. Mais de meio milhão de
habitantes são abastecidos pela barragem Armando Ribeiro.
Secretário diz que existe reserva hídrica
O
site do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) informa
que a Barragem Engenheiro Armando Ribeiro está com 76,63 % do seu nível
máximo de 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, o que é suficiente para
abastecer, por um período de três anos, 500 mil habitantes e ainda
manter o rio Piranhas/Açu perenizado para a irrigação.
O
secretário Gilberto Jales voltou a falar do sistema adutor do Alto Oeste
e da adutora Santa Cruz/Mossoró, que, quando concluídos (não há data
prevista), deverão amenizar o abastecimento urbano e, também, rural nos
períodos prolongados sem chuvas. No caso do sistema adutor do Alto
Oeste, é a solução para abastecer a cidade de Luís Gomes.
A
primeira etapa do sistema adutor do Alto Oeste e a adutora Santa Cruz
Mossoró serão abastecidas com água da Barragem de Santa Cruz, de Apodi,
que atualmente está com 75,45% de sua capacidade total de armazenamento,
que é de 600 milhões de metros cúbicos.
Já a segunda etapa do
Sistema Adutor do Alto Oeste será abastecida pela Barragem de Pau dos
Ferros, que atualmente está com 54,61% de sua capacidade total de 55
milhões de metros cúbicos de água. Neste caso, conforme Gilberto Jales, o
quadro já preocupa tão quanto preocupa o nível do açude de Lucrécia
(40,95%), de sua capacidade total de 24 milhões.
O açude de
Lucrécia é quem abastece as cidades de Martins, Serrinha dos Pintos e
Frutuoso Gomes. O município de Antônio Martins será abastecido quando o
Estado concluir o sistema adutor de 17km. Ainda na região Oeste, existem
reservatórios sem qualquer aproveitamento. É o caso de Umari, em
Upanema, que armazena até 300 milhões de metros cúbicos de água sem
qualquer uso.
SERIDÓ
Quanto aos açudes do
Seridó, o quadro é um pouco mais confortável do que na região do Alto
Oeste. A Barragem Marechal Dutra, o Gargalheiras, de Acari, está com
65,96%, e o Itans, de Caicó, está com 60,40% de sua capacidade. O
primeiro pode armazenar 44,4 milhões de metros cúbicos de água e o
segundo é capaz de armazenar até 81,7 milhões de metros cúbicos.
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