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Por João Martins da Silva*
A região Nordeste possui grande potencial nas
atividades ligadas a pecuária. O rebanho ovino/caprino da região é o
maior do país, com 17,8 milhões de cabeças que representam 68% do
efetivo nacional. A bovinocultura de leite também é muito importante
como atividade produtiva. A Bahia é o sétimo maior produtor do país,
Alagoas possui produtividade de 1.641 litros/vaca/ano, valor 10% maior
que a média nacional e há importantes bacias leiteiras em Pernambuco e
no Ceará, onde a produção de queijo de coalho se destaca. A pecuária de
corte se faz presente, sendo importante geradora de renda. Na
aquicultura, em especial na carcinicultura marinha, o Nordeste é
imbatível, apresentando o maior número de estabelecimentos produtores,
produção e produtividade.
Em se tratando de país continental como o Brasil, a
agropecuária apresenta-se de forma diferenciada nas cinco regiões. Além
das características de solo e clima, existem aspectos mercadológicos e
culturais que influenciam na produção e na renda dos produtores. Grande
parte dos estados do Nordeste encontra-se no semiárido, onde a
precipitação é baixa e as estiagens são frequentes, o que faz com que o
calendário agrícola seja diferente do resto do país. Somada as
adversidades climáticas, o Nordeste assim como o Norte possui problemas
de infraestrutura e logística, que demandam tratamento diferenciando no
que se refere a políticas públicas. É fundamental que a política
agrícola brasileira seja ajustada de forma a apresentar tratamentos que
possibilitem a redução das desigualdades nas regiões menos favorecidas.
Medidas que garantam a renda dos produtores devem
ser preconizadas em cenário de custos elevados em função dos impactos
logísticos. A reforma e construção de armazéns deve ser fomentada tanto
no âmbito público quanto privado. O seguro rural deve ser adequado para
as condições climáticas da região, tendo foco também nas atividades
pecuárias. O crédito deve ser adequado as peculiaridades regionais,
estimulando ações que promovam a recomposição dos rebanhos e a
utilização de irrigação para produção de forragem. A classe média rural
deve ser fortalecida e a assistência técnica ampliada e aperfeiçoada.
Vale salientar, que tais propostas não são benesses, e sim políticas
agrícolas que potencializarão a agropecuária do Nordeste.
Estas e outras medidas foram pleiteadas pela
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil no Plano Agrícola e
Pecuário 2015/2016 e no Plano Safra da Agricultura Familiar. Programas
como o Sertão Empreendedor vem sendo trabalhados pelo Sistema CNA com o
objetivo de preparar o produtor nordestino para as adversidades
climáticas e econômicas. Nesse contexto, eventos como a Pecnordeste, que
acontece de 16 a 18 de junho, em Fortaleza, são de fundamental
importância para se debater estratégias e levar conhecimento aos
produtores.
*João Martins da Silva é Presidente da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil- CNA / Artigo publicado
no Jornal O Povo - opiniao@opovo.com.br
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