06/03/2015 | Assuntos fundiários,Empreendedores Familiares Rurais
Encontro debate patrulha rural em Goiás
José Mário Schreiner, Presidente da FAEG, mostra a nova Cartilha / Foto: Fredox Carvalho, da FAEG
A insegurança nas áreas rurais do estado levou
o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG),
José Mário Schreiner, a convocar produtores, Sindicatos Rurais (SRs),
cooperativas e associações para discutir o tema na sede da entidade,
nesta quinta-feira, 5 de março. Para que todos os questionamentos fossem
esclarecidos, o secretário de Segurança Pública e Administração
Penitenciária, Joaquim Mesquita, participou do encontro e afirmou que
não irão faltar homens, combustíveis e carros para o patrulhamento
rural. Segundo Schreiner, reuniões como esta, que envolveu produtores,
polícia e entidades representativas, são fundamentais para o avanço do
setor.
O encontro objetivou proporcionar uma proximidade
maior entre a segurança pública e os setor rural, além de alertar quem
vive nas áreas rurais sobre a importância de registrar o Boletim de
Ocorrência sempre que houver algum tipo de infração. “Só assim poderemos
mapear o estado segundo o nível de criminalidade de cada região, além
de contabilizar os casos e mensurar de fato a situação”, explicou
Mesquita. Para Schreiner, o mal que vem gerando o aumento da
criminalidade tem suas causas na intensificação do tráfico de drogas e
suas consequências na elevação do número de furtos e roubos a
propriedades rurais. “Quando a violência é combatida nas grandes, médias
e pequenas cidades, a violência chega até a roça. Então é o momento de
discutir com mais afinco a questão”, pontuou.
Segundo levantamento, só na zona rural de
Aparecida de Goiânia foram registradas 342 ocorrências de furto e roubo
entre o início de 2014 e fevereiro de 2015. O estado está dividido entre
18 Delegacias Regionais da Polícia Civil. Das nove unidades que fizeram
o levantamento até a manhã desta quinta-feira (5), a regional Goiânia
registrou 5 ocorrências no período, a de Jataí 116 ocorrências, a de
Porangatu 94 ocorrências, a de Rio Verde 33 ocorrências, Iporá 185
ocorrências e a de Ceres 54 ocorrências. Além disso, na regional de
Águas Lindas foram registradas 33 ocorrências e na de Catalão 262
ocorrências.
Durante o encontro, também foi apresentada a
estrutura de segurança formada pelo Grupo de Repressão a Crimes Rurais e
de Divisas, pelo Comando de Operações de Divisas (COD), pela Patrulha
Rural e pelos Grupos Especiais de Repressão a Crimes contra o Patrimônio
(Gepatri). “A questão de segurança é de todo o Brasil. No caso de Goiás
precisamos aproveitar esse momento para discutir a nossa estrutura de
combate ao crime, além da infraestrutura da secretaria de Segurança
Pública e Administração Penitenciária. É preciso saber como estamos em
relação aos equipamentos, ao efetivo e à fiscalização dos trabalhos”,
destacou José Mário.
Patrulhas rurais
Dentro do tema segurança rural, a questão das patrulhas rurais foi bastante debatido. Produtores tiveram a oportunidade de falar e puderam entender como funciona o envio e o monitoramento das viaturas. “Recentemente locamos 85 caminhonetes que estão circulando pelas áreas rurais do estado. Em minha opinião a quantidade é suficiente, mas o governador Marconi Perillo já se comprometeu a adquirir mais caso haja necessidade. Atualmente nós fazemos o monitoramento em tempo real. Em Rio Verde, por exemplo, viaturas foram monitoradas durante 30 dias e nós descobrimos que elas só rodaram durante 17. Isso me entristece muito e nos mostra que existem problemas pontuais. Mas eu estou me comprometendo: vamos solucionar. Nossa intenção é ampliar a sensação de segurança de quem mora fora da cidade”, esclareceu o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita.
Dentro do tema segurança rural, a questão das patrulhas rurais foi bastante debatido. Produtores tiveram a oportunidade de falar e puderam entender como funciona o envio e o monitoramento das viaturas. “Recentemente locamos 85 caminhonetes que estão circulando pelas áreas rurais do estado. Em minha opinião a quantidade é suficiente, mas o governador Marconi Perillo já se comprometeu a adquirir mais caso haja necessidade. Atualmente nós fazemos o monitoramento em tempo real. Em Rio Verde, por exemplo, viaturas foram monitoradas durante 30 dias e nós descobrimos que elas só rodaram durante 17. Isso me entristece muito e nos mostra que existem problemas pontuais. Mas eu estou me comprometendo: vamos solucionar. Nossa intenção é ampliar a sensação de segurança de quem mora fora da cidade”, esclareceu o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Joaquim Mesquita.
Orientações ao alcance de todos
Para levar adiante um trabalho em conjunto,
conforme defendeu José Mário, e auxiliar a polícia estadual, a Faeg e o
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás – entidade da qual
Schreiner é presidente do Conselho Administrativo – lançaram ao final do
encontro a Cartilha de Segurança Rural. O material foi produzido em
parceria com Segurança Pública e Fundepec, e traz as principais
orientações de segurança para quem vive no campo. Além disso, contém
também os contatos das 17 Delegacias Regionais da Polícia Civil, 18
Comandos Regionais da Polícia Militar e dos mais de 130 Sindicatos
Rurais.
Criada em 2006, a Comissão de Segurança Rural e
Assuntos Fundiários da FAEG tem como objetivo intermediar as discussões
entre os produtores e órgãos representantes da segurança em Goiás. Além
disso, atua de forma preventiva, orientando as famílias do campo no
combate à criminalidade e dando suporte nas questões de direito á
propriedade. O presidente da Comissão, Arno Weis, que também é
presidente do Sindicato Rural de Cabeceiras esteve presente na ocasião e
fez questão de destacar o trabalho desenvolvido pelas patrulhas rurais.
“Quero chamar a atenção para a importância dos policiais que andam nas
viaturas das patrulhas rurais. Eles não podem ser substituídos, pois
fazem amizade com os produtores e acabam firmando uma espécie de
parceria. É disso que precisamos. Nos ajudando vamos conseguir diminuir a
quantidade de crimes que vem tirando o sono de quem vive no campo”,
afirmou.
Além de Arno, representando o agropecuarista,
também estiveram presentes o vice-presidente da FAEG e presidente da
Aprosoja Goiás, Bartolomeu Braz Pereira, o consultor do Sistema FAEG e
presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Arthur
Toledo, o superintendente executivo da Agricultura, Antônio Flávio de
Lima, e cerca de 50 presidentes de SRs. Já representando o governo
estadual, além de Mesquita também compareceram o delegado geral da
Polícia Civil (PC), João Carlos Gorski, o coronel Victor Dragalzew
Júnior – que representou o comandante-Geral da Polícia Militar (PM)
Coronel Silvio Benedito Alves, e o comandante Geral do Corpo de
Bombeiros, Carlos Henrique Helbingen.
Também estiveram presentes no evento a presidente
da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás
(Acieg), Helenir Queiroz, da Federação do Comércio do Estado de Goiás
(Fecomércio), José Evaristo Santos, da Organização das Cooperativas
Brasileiras do Estado de Goiás (OCB-GO), Haroldo Max e do Centro
Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA), José de Fava Neto.
Casos frequentes
Para ilustrar a situação, alguns produtores
presentes na reunião desta quinta-feira (5) compartilharam experiências
pessoais. Foi o caso do produtor de Cristalina, Alécio Maróstica, que
foi sequestrado enquanto sua propriedade era roubada. “Eu sou a pessoa
nesse auditório que mais torce para que essa ação conjunta dê certo, mas
sou também a que menos acredita nisso. Quero parabenizar a Faeg e a
secretaria de Segurança, mas acho que é preciso modificar a legislação,
antes de tudo”.
Alécio Maróstica contou como foi ficar frente a frente com a insegurança/ Foto: Larissa Melo
Para o coronel Victor Dragalzew Júnior, Alécio tem razão, o que não
significa que a PM não precise buscar constantemente meios de melhorar a
qualidade dos serviços prestados à comunidade rural. “Estamos
finalizando a capacitação dos policiais que protegem a área rural. Ao
todo, são quase 500 homens que foram treinados pelo Comando de Divisas.
Agora precisamos de outros atores: produtores, presidentes de SRs,
entidades que representam o setor e quem mais puder ajudar”, disse.
Além de histórias como a de Alécio Maróstica,
vários casos foram registrados em Goiás. Na terça-feira (3), João
Barbosa da Silva, de 35 anos, conhecido como João do Porco, foi
apresentado na Delegacia Estadual de Homicídios (DIH). Ele é suspeito de
integrar uma quadrilha especializada em roubo a propriedade rurais,
sempre com uso de violência. Além da parte patrimonial, eles cometiam
violência física e sexual com as vítimas. Um dos casos foi registrado em
Caldas Novas e as investigações duraram sete meses.
O produtor rural de Rio Verde, Ederaldo Brucceli,
foi vítima de furto no mês de outubro passado. Da propriedade que fica
na região São Thomaz, os ladrões levaram 48 toneladas de cloreto de
potássio que estavam armazenados em um local distante da sede da
fazenda. Segundo o produtor, graças à rápida ação da polícia após a
realização do boletim de ocorrência, o adubo foi encontrado 72 horas
após. “Logo que percebemos o ocorrido, já comunicamos a polícia, fizemos
todo o registro e eles começaram o patrulhamento, todo o material foi
encontrado no município de Santa Helena em caminhões e a quadrilha foi
presa”, contou o produtor.
Em janeiro deste ano, uma quadrilha com 12 pessoas
foi presa pelo Grupo Especial de Repressão a Crimes Patrimoniais
(Gepatri), de Rio Verde. O grupo agia na Região Sudoeste do Estado, com
foco principal nas cidades de Rio Verde, Caiapônia e Montividiu, além de
Iporá, no Centro Goiano. De acordo com a Polícia Civil, em um ano o
grupo chegou a roubar duas mil cabeças de gado além de defensivos
agrícolas e maquinário.
Na ocasião, o delegado Danillo Proto, titular do
Gepatri de Rio Verde afirmou que, caso a fazenda tivesse ocupada o grupo
rendia os proprietários, apartava o gado e levava os animais. A
quadrilha ainda praticava furtos em propriedades rurais desocupadas. Em
uma das propriedades 41 cabeças de gado foram roubadas de uma única vez e
o prejuízo chegou a R$ 60 mil. No total, foram quase seis meses de
investigação.
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