Pequenas mudanças de práticas na
criação de caprinos podem apresentar bons resultados para os produtores
do sertão do Nordeste. Um estudo realizado na Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), mostra que a adoção
de algumas técnicas simples permitem melhores desempenhos produtivos dos
animais, o que implica em maior rentabilidade da atividade.
Os experimentos estão sendo conduzido
pelo pesquisador da Embrapa Semiárido Tadeu Vinhas Voltolini e pelo
médico veterinário Jair Campos Soares, mestrando em Ciência Animal pela
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O foco do
sistema de produção analisado é a alimentação e o manejo dos animais.
Tradicionalmente na região, a criação de
caprinos é praticada de forma extensiva, com a alimentação baseada
exclusivamente na vegetação nativa da caatinga. Segundo os
pesquisadores, esta base alimentar é insuficiente tanto em termos de
quantidade quanto de qualidade, e a perda de peso provocada
especialmente no período da seca compromete o desempenho reprodutivo das
fêmeas e o peso das suas crias.
Já no sistema de criação proposto na
pesquisa, utiliza-se uma combinação da vegetação nativa e reserva de
forragens. “Quando está verde, criamos o rebanho na caatinga – sem
exceder a quantidade de animais alimentados com essa vegetação –, e
quando está seco usamos outras estratégias para a alimentação, como a
palma, o capim bufel, a pornunça, a maniçoba e a melancia forrageira, a
maioria sendo conservada na forma de feno e silagem ”, explica Tadeu
Voltolini.
Quanto ao manejo dos animais, uma das
principais técnicas adotadas é a estação de monta, em que os machos são
mantidos separados do rebanho, e colocados junto às fêmeas somente no
período programado para a reprodução. Dessa forma, o nascimento, o
desmame e a engorda dos animais podem ser planejados, dando atenção a
cada uma dessas atividades - o que representa melhor manejo dos animais
em associação com a otimização da mão-de-obra da propriedade.
De acordo com Jair Soares, nesse sistema
de produção, o índice de mortalidade das crias foi de apenas 5%, número
considerado baixo quando comparado ao sistema tradicional de criação
extensiva, que chega a ser superior a 30%. Além disso, a fertilidade das
fêmeas alcançou 75%, valor bastante superior ao normalmente encontrado
na região. “Com uma alimentação e manejo adequados, a eficiência
reprodutiva dos animais aumenta”, explica o veterinário.
Para o pesquisador Tadeu Voltolini, esses
são resultados que vão levar a propriedade a ter um melhor retorno
econômico. Os dados da pesquisa foram obtidos no ano de 2012, marcado
pela maior estiagem das últimas décadas no Nordeste. “Isso mostra que
mesmo em um período de seca, técnicas simples fazem grande diferença em
um sistema de produção”, avalia.
As informações são da Embrapa, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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